quarta-feira, maio 13, 2009

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Os 200 anos da ida da Família Real portuguesa para o Brasil: conheça a história


*Parte do texto abaixo foi publicada no jornal A Gazeta, do Espírito Santo, no dia 20 de janeiro de 2008.

Sergio Denicoli

PORTUGAL - A decisão final foi tomada durante a madrugada do dia 25 de Novembro de 1807. O príncipe regente D. João VI encerrava, em Lisboa, a dramática reunião do Conselho de Estado, com a determinação de que em dois dias toda Casa Real Portuguesa seria transferida para o Brasil.

Era a única forma de evitar a dominação francesa e seria necessário correr contra o tempo, pois as tropas de Napoleão Bonaparte já haviam cruzado as fronteiras do país. O plano não era inédito. Os nobres portugueses já haviam pensado nessa possibilidade em 1580, quando a Espanha invadiu Portugal, em 1738, por motivos econômicos ligados ao ouro brasileiro, e em 1762, sob ameaça de uma invasão franco-espanhola. Mas foi a partir de 1805 que Portugal passou a discutir a possibilidade de forma estratégica com a Inglaterra e, quando a ameaça de invasão já estava a um passo de se concretizar, o plano foi colocado em ação.

O príncipe regente tinha plenos poderes, já que sua mãe, a Rainha D. Maria I, havia deixado o comando do Reino em 1792, devido a um estado de loucura que estava se agravando. D. João VI indicou então um superintendente geral de embarque para organizar a viagem, que levaria ao outro lado do Atlântico os nobres, seus empregados, alimentos, utensílios domésticos e os objetos necessários para os rituais oficiais, cerimônias religiosas e eventos sociais. Os súditos também poderiam seguir com a Corte, em navios particulares.

O responsável pela organização traçou um plano que distribuiria as famílias em cômodos pré-determinados, bem como seus pertences e os tesouros do Reino. No entanto, os apadrinhados sempre davam um jeito de burlar a organização e as ordens de embarque surgiam de diversas fontes. A cidade estava repleta de lama, resultado de fortes ventos e chuvas que caíram nos dias antecedentes ao embarque, o que contribuiu para formar um cenário ainda mais caótico. A desorganização foi total e as ordens do superintendente não foram cumpridas.

Para piorar a situação, chegavam a toda hora notícias informando que as tropas francesas estavam próximas de Lisboa e a população entrou em pânico. Por toda a cidade via-se caixas e baús que eram largados pelas ruas. Muita gente rezava aos santos, pedindo proteção, e embarcava apenas com a roupa do corpo, tamanho o desespero. Algumas pessoas morreram afogadas ao se jogarem na água para tentar alcançar as embarcações, que estavam atracadas no rio Tejo. Dali seguiriam em direção ao Oceano Atlântico, onde os navios ingleses aguardavam para acompanhar a esquadra portuguesa até a América.

Os números não são exatos, mas estima-se que a frota que deixou o Tejo era composta por 15 navios da real esquadra e 30 particulares. Ao todo teriam sido transportadas entre 10 e 15 mil pessoas. No meio da confusão, embarcava, com 9 anos de idade, o então príncipe da Beira, D. Pedro, que depois se tornaria o responsável pela declaração de independência do Brasil.

Foram dois meses de viagem até atracarem no Brasil, com direito a muitos contratempos, como a falta de água e comida em alguns navios, superlotação, surtos de piolhos que obrigaram as mulheres a rasparem os cabelos, condições precárias de higiene e uma tormenta que dispersou a esquadra e obrigou alguns navios, entre eles o que levava a Rainha D. Maria I e o príncipe regente D. João VI, a alterarem a rota e aportar na Bahia, enquanto alguns seguiram para o Rio de Janeiro. Foi, provavelmente, no dia 22 de janeiro de 1808 que a Família Real chegou em Salvador.

Foram vários os benefícios para o Brasil motivados pela transferência da Corte, como a construção de escolas de ensino superior, de bibliotecas, que até então eram proibidas, o surgimento da imprensa, que também não era permitida, a criação do Banco do Brasil, entre outras coisas. Mas, e em Portugal, o que aconteceu na ausência da Família Real?

Portugal abandonado

Antes de partir, o príncipe regente nomeou um Conselho de Governadores para administrar o País durante sua ausência, que, segundo o próprio D. João VI, seria um breve período até que fosse alcançada “a paz geral”. Eram nobres e magistrados que teriam que fazer frente ao General Jean-Andoche Junot, que já havia sido embaixador em Lisboa e foi destacado por Napoleão Bonaparte para comandar a invasão a Portugal.

O exército reunido por Junot, de aproximadamente 35 mil soldados, chegou à Lisboa um dias após a partida da Corte e ainda conseguiu avistar alguns navios da esquadra real, mas não tinha como alcançá-los. O General anunciava aos portugueses que vinha como amigo para livrar o Reino da “influência maligna da Inglaterra”. Ele contava com a ajuda do exército espanhol, que o apoiava com o intuito de ver cumprir um acordo que dividiria o território português em três partes, sendo que a parte central ficaria com a França, que teria, dessa forma, um corredor aberto de saída para o Atlântico. O norte e o sul ficariam sob poder de pessoas ligadas à Família Real espanhola.

A junta nomeada por D. João VI foi ignorada pelos invasores. Três semanas após a partida da Família Real para o Brasil, a bandeira da França foi hasteada em um dos pontos mais altos de Lisboa, o Castelo de São Jorge. O poder da Casa Real dos Bragança sobre o território português era considerado extinto.

Formou-se então um governo liderado por franceses e auxiliado por portugueses simpáticos às causas de Napoleão. Os bens da Corte foram confiscados e também o ouro e prata das igrejas de Lisboa. Alguns importantes habitantes da cidade logo procuraram se alinhar, exaltando de forma bajuladora os novos administradores.

Mas o ódio aos invasores ainda se mantinha entre os portugueses patriotas que não queriam sua nação sob o comando de estrangeiros. O início da revolta armada se torna possível quando Napoleão não cumpre o tratado de dividir Portugal em três partes e anula a Casa Real da Espanha, levando o exército espanhol a se retirar das terras portuguesas, em solidariedade aos seus monarcas destituídos. As tropas francesas, que estavam concentradas em Lisboa, perdem grande parte do controle das regiões do interior de Portugal.

Na cidade do Porto, ao norte do país, a população se organiza sob o comando do bispo D. António de Castro, formando uma forte área de resistência. Eles logo ganhariam o reforço de militares ingleses, que chegam pelo mar e entram na cidade pelo rio Douro. Algumas batalhas são travadas no Porto. Os franceses conseguem recuperar o comando da cidade, mas logo os britânicos e portugueses reagem e retomam o controle na região.

No sul do país as revoltas também crescem. Por toda parte casas são incendiadas, vilas saqueadas e ocorrem muitas mortes. Chega um ponto em que os ingleses, para cessar as batalhas, negociam a retirada dos franceses, dando a eles a possibilidade de levarem tudo que saquearam. O acordo é firmado na cidade de Sintra, sem a presença de um único líder português. O pacto é firmado e a coroa portuguesa é restaurada, nove meses após a partida da Corte. A bandeira da nação é novamente hasteada no Castelo de São Jorge, mas a um preço alto. Não é possível prever a imensa quantidade de bens de valor que o exército francês levou.

Do Brasil, D. João VI emite ordens e nomeia uma junta para administrar Portugal. Mas, até 1812, quando Napoleão é derrotado pelos Russos e tem início a sua derrocada, Portugal sofreria ainda mais duas invasões francesas, que causariam prejuízos e mortes à nação. No entanto, a capital jamais voltaria ao domínio francês, sendo defendida sempre pelo comando britânico.

Napoleão seria exilado em 1814, na ilha de Elba, de onde foge. Em 1815 ainda consegue reunir um exército e restabelecer seu poder na França por mais de 100 dias, mas é definitivamente derrotado na batalha de Waterloo, na Bélgica.

A ameaça francesa já não existia e Portugal era uma nação destruída. Havia mendigos por toda a parte, ladrões atacavam casas e matavam inocentes. Começavam as pressões para que a Família Real retornasse à Lisboa.

Rio de Janeiro, capital do império

D. João VI havia se apegado ao Rio de Janeiro e sabia da posição estratégica da América em termos econômicos. Em vez de regressar, anuncia, em 1815, que o Brasil não seria mais uma colônia e passava à categoria de Reino Unido. No ano seguinte, morre a Rainha D. Maria I e, em 1818, D. João VI é coroado Rei, no Rio de Janeiro. Isso desperta a indignação dos que estavam em Portugal.

A miséria provocada pelas invasões francesas ainda não tinha sido remediada e algumas áreas estavam desprovidas de autoridade. Até mesmo igrejas eram alvos de bandidos. Havia também um grande número de desempregados, muitas ruínas e estradas danificadas. No campo administrativo, a junta nomeada por D. João VI estava subordinada aos poderes militares do Marechal britânico William Carr Beresford que, na prática, era quem mandava. Além disso, Portugal havia perdido para o Brasil o posto de centro político, econômico e administrativo do Império.

O novo exército português, que surgiu das milícias populares e lutou contra os franceses, havia desenvolvido um forte sentimento patriótico e ambicionava uma nação livre de qualquer subordinação. A Europa respirava ares de pensamentos liberais, que balançavam a estrutura absolutista. É nesse contexto que, em 24 de agosto de 1820, ocorre uma revolução liberal na cidade do Porto, liderada pelo comandante da guarnição militar da cidade. Os manifestantes aproveitam a ausência do Marechal Beresford, que tinha viajado para o Rio de Janeiro com o objetivo de pedir mais poderes ao Rei.

Com amplo apoio popular, os revolucionários marcham até Lisboa, onde formam um governo provisório, exigem o retorno da Família Real e instauram uma monarquia constitucional, acabando com os poderes absolutos do Rei. Anunciam ainda a formação de uma corte, que seria responsável por escrever uma constituição inspirada na revolução espanhola de 1812.
Quando Beresford chega a Lisboa é impedido de desembarcar, o que colocava fim à dominação administrativa de Portugal pela Inglaterra.


O retorno obrigatório

D. João VI é obrigado a acatar as decisões dos liberais. Anuncia então a sua volta e, antes de partir, nomeia D. Pedro I regente do Brasil. Os liberais não reconhecem a autoridade do Rei para nomear regentes e exigem que D. Pedro I também retorne a Portugal. D. Pedro não acata à ordem e, no dia 09 de janeiro de 1822, anuncia que continuaria no Rio de Janeiro. O episódio entrou para a história como o “Dia do Fico”. Estabelecia-se então um caminho certeiro para a independência brasileira, que seria liderada pelo príncipe regente, e que representaria o ápice do processo desencadeado em 1807.

A independência foi uma idéia muito bem conversada por D. Pedro I e D. João VI, conforme comprovam algumas cartas trocadas pelos dois. O intuito era manter o poder dos Bragança tanto no Brasil quanto em Portugal. Portanto, quando, em sete de setembro de 1822 é dado o “Grito do Ipiranga”, os brasileiros continuam sob o comando da mesma Família Real Portuguesa.

A separação do Brasil desagradou os burgueses de Portugal, que tiveram seus lucros reduzidos, gerando uma certa insatisfação com os liberais. A nobreza e o clero também começaram a perceber que perderiam privilégios com a consolidação da monarquia constitucional. Em 1823, o poder absolutista é restaurado na Espanha e os liberais ficam ainda mais fracos. D. João VI consegue apoios e restabelece uma monarquia absolutista, de caráter moderado.

Mas o poder do Rei ainda seria ameaçado pelo seu próprio filho, D. Miguel, e sua esposa, D. Carlota Joaquina. Os dois defendiam uma monarquia absoluta radical, enquanto D. João IV falava até em Constituição.

Ambicionando o trono, D. Miguel articula um plano para manter o Rei em cárcere e assumir o poder. Anuncia que D. João VI corre perigo de vida, prende os ministros e impede que o Rei saia de sua própria residência, com a desculpa que deveria proteger o monarca. Mas ele consegue sair e se refugia em um navio inglês aportado em Lisboa. Decreta o exílio do seu filho e da esposa. No entanto, D. João VI morreria em dois anos e o Brasil voltaria ao centro do cenário da política portuguesa.

D. Pedro, Rei do Brasil e de Portugal

D. Pedro I era o filho mais velho e o sucessor natural do trono, mas os partidários de D. Miguel diziam que, ao proclamar a independência brasileira ele teria perdido esse direito. O que estava por trás desses argumentos era o medo de Portugal se tornar mais uma vez submisso ao Brasil, caso o Rei das duas nações fosse o mesmo e residisse no Rio de Janeiro. Oficialmente, D. Pedro era o Rei legítimo, mas ele buscou uma solução diplomática, dizendo que abdicaria o trono à sua filha Maria da Glória, de sete anos, e esta se casaria com o próprio tio D. Miguel, que reinaria até que a menina tivesse idade para assumir suas funções.

O casamento chegou a ser realizado, só que D. Miguel queria ser o Rei absoluto e iniciou uma guerra civil, em 1828. A pequena Rainha foi mandada de volta para o Brasil. D. Pedro I decide assumir o comando da resistência às forças de D. Miguel e renuncia ao trono brasileiro, em nome do seu filho, D. Pedro II, que na época tinha cinco anos de idade. Em 1831 ele deixa o Brasil rumo à Inglaterra em busca de apoio financeiro e militar. Em 1832 desembarca em Portugal para lutar pelo trono do país. Vence a guerra em 1834 e se torna Rei, com o nome de D. Pedro IV, mas morre quatro meses depois.

Era o fim de uma saga e a separação definitiva do império luso-brasileiro. No entanto, para o historiador português António Manuel Alves, o elo ainda se mantém. Segundo ele, o passado em comum reflete no presente e configura Portugal como uma nação irmã do Brasil, cuja relação ainda vai determinar muitos capítulos da história, através dos laços não só econômicos, mas também culturais, políticos e sociais. Para o historiador, “ainda há muito caminho a percorrer”.

As invasões francesas

A ida da Corte para o Brasil é conseqüência de um período da história que tem início em 1789, com a Revolução Francesa, que colocou no poder a burguesia enriquecida com o comércio e destituiu o Rei Luís XVI. Após conflitos entre as classes sociais que iniciaram a Revolução, a guerra civil parecia inevitável e os burgueses vêem, na figura do líder militar Napoleão Bonaparte, a possibilidade de estabelecer a ordem no país. Organizam um golpe e, em 1799, Napoleão assume o poder.

A Inglaterra era a principal adversária da França. Para derrotá-la Napoleão decretou um bloqueio continental: todos os portos eram obrigados a fechar as portas ao comércio inglês. Quem descumprisse a ordem sentiria o peso do poder do exercito francês. Portugal era um histórico aliado da Inglaterra e os franceses tencionavam destituir o poder da Família Real portuguesa. O país era estratégico no comércio marítimo, devido à sua localização geográfica e ao seu domínio na América. Mas o que Napoleão não esperava é que a Família Real, escoltada por navios ingleses, partiria para o Brasil.

Ao chegar do outro lado do Atlântico, a primeira medida de D. João VI foi determinar a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, ou seja, romper o bloqueio continental. A medida pôs fim ao pacto colonial, que estabelecia o monopólio de Portugal nas relações comerciais com o Brasil. Foi o início da independência econômica brasileira e do processo de independência política.

O Rio de Janeiro em 1808:

No início do século XIX o Brasil possuía três milhões de habitantes. Desse total, um milhão eram escravos. No Rio de Janeiro viviam 60 mil pessoas, sendo 30 mil escravos. Com a chegada da Corte, desembarcaram cerca de 15 mil pessoas. O primeiro impasse foi abrigar toda essa gente. Para isso, as maiores casas foram desapropriadas. As residências escolhidas eram marcadas a giz com as letras “PR”, que significavam “príncipe regente”, mas os cariocas logo diziam que elas significavam ”ponha-se na rua”.

Os portugueses recém-chegados assustavam-se com as vestimentas usadas no Brasil, com as constantes chuvas tropicais e com os hábitos, que consideravam rudes. Escreviam cartas e cartas à Lisboa para narrar o “horror” que estavam vivendo. Eles desprezavam os brasileiros e era comum ver os membros da Corte rirem dos comerciantes prósperos e até mesmo dos membros da nobreza criados no Brasil.

Entre os escravos, os que vinham da Europa vestiam-se com cartolas e algumas escravas até usavam jóias. Diferentemente dos escravos que estavam no Rio de Janeiro e que andavam com poucas roupas, devido ao clima.

Foram iniciadas obras por toda a cidade, como o alargamento de ruas e construções de casas e palácios. Nascia um novo Rio de Janeiro, que tomava cores e modos de capital imperial.


Uma visão portuguesa

O Doutor em História e Professor da Universidade do Porto, Eugénio dos Santos, avalia que D. João VI, ao contrário do que o senso comum diz, não foi um monarca bonachão e de decisões hesitantes. Ele teria sido um grande estrategista, visionário e calculista, que tomava decisões de forma pensada.

O professor analisa também que o termo “fuga da Corte” pode não ser apropriado para designar a transferência da Família Real para o Brasil, pois a decisão foi estudada ao longo de alguns anos e a efetiva mudança não foi propriamente uma escolha, mas sim uma imposição. Caso a Corte decidisse permanecer em Lisboa poderia sofrer não apenas com os ataques franceses, mas também teria que enfrentar as tropas inglesas. Segundo Eugénio dos Santos, os navios da Inglaterra, que estavam aportados próximos à cidade, para escoltar a Família Real, tinham ordens para bombardear a capital portuguesa caso o Príncipe Regente não aceitasse embarcar rumo ao Brasil.

O historiador diz ainda que, para D. João VI, o estabelecimento em terras brasileiras pôs fim a uma série de focos de rebelião que assolavam o seu Governo quando estava na Europa. Além disso, o monarca tinha alguns problemas de saúde que se abrandaram com o clima brasileiro.
Após a desorganização inicial que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, com a chegada de milhares de pessoas, D. João VI conseguiu imprimir ao Brasil o seu ritmo de trabalho. Quando foi obrigado a voltar a Portugal, pela Revolução Liberal de 1820, deixou muito bem articulado, junto ao seu filho D. Pedro, os passos que resultariam na independência do Brasil e na permanência de sua dinastia no comando da ex-colônia. Os Bragança só seriam derrubados em 1889, quando D. Pedro II é deposto e o Brasil passa a ser uma República.

O professor acredita que, caso a Família Real não deixasse Lisboa, o Brasil hoje, provavelmente, não teria a mesma dimensão territorial. Isso aconteceria devido a movimentos separatistas que já existiam e poderiam ter êxito, resultando no surgimento de novos países. Conforme afirma, a sagacidade de D. João VI e seus descendentes, conseguiu manter unidas até hoje, sob um mesmo manto político, regiões de tão acentuadas diferenças culturais.

sexta-feira, março 09, 2007

Copyright must be respected as culture goes online

By Thomas Rubin

Imagine a world in which every book, song, television programme and movie ever created is instantly available online with just the click of a mouse. Such a world would offer enormous promise not only to consumers but to artists and creators as well, who would finally be able to reach audiences that have long been too distant or expensive to reach before.

This amazing new world is almost upon us, thanks to the internet and new digital technologies for scanning and distributing vast libraries of books, video and music. But sharp debate has broken out over how best to realise the goal of such broad online access to the world’s culture without undermining the financial incentives for creativity that are so essential to the development of these works.

Google, for example, says its book search technology will one day make available a copy of every book ever published in a vast online database of indexed content. A worthy goal, to be sure. But in pursuit of that goal, Google has taken a unilateralist approach by contending that it is entitled to grab books off library shelves and copy them wholesale without obtaining the permission of the publishers and authors who own the copyrights in those works.

Google defends this approach on two grounds. First, it contends that its actions qualify as “fair use” under US copyright law – never mind that books are being copied by the truckload and will be accessible in countries that do not even recognise that concept in their own copyright laws. Moreover, most authors and publishers, along with legal experts, disagree with Google’s rather novel assertion of “fair use”. In fact, they (including a subsidiary of Pearson, publisher of the Financial Times) have sued Google over its copying of the millions of books that its library partners – in the US and elsewhere – are making available.

Second, Google makes the claim that it should be allowed to copy and ­monetise the copyrighted works of others without their permission because of the public benefit in creating a vast global online repository. This project may well bring significant commercial advantage to Google. By contrast, those who own the copyrights in these works could gain little or nothing from Google’s plan.

Microsoft and others in the industry believe there is a better approach to achieving that goal and broadening online access to books. It is an approach that seeks to collaborate with copyright holders in developing technologies and business models that not only build a competitive and varied marketplace of online book content, but at the same time nurture the incentives for creativity reflected in copyright law without which no artist or writer – and no society that aspires to a living culture – can thrive.

Microsoft’s approach to book search, for example, is based wholly upon the notion of collaboration with publishers, authors and other copyright holders. With publishers’ voluntary and express permission, we are building a vast repository of books for people to access online. At the same time we are working to create a seamless interface to those digital book repositories that publishers wish to build for themselves. That is their choice and Microsoft respects it.

The dichotomy between these two approaches – collaboration versus unilateralism – is reflected in other areas of online services available today. Nearly every major movie and television company, for example, has expressed deep concern over the large number of infringing videos available on Google’s YouTube website. Google simply denies liability and appears to be trying wherever possible to skirt copyright law’s boundaries. At Microsoft we believe that a better approach to developing online video-sharing sites is to work in an open and transparent manner with content owners to minimise infringement, while at the same time licensing and offering a wide range of high-quality content that consumers can reliably locate and enjoy.

In no way do I want to minimise the challenges ahead, nor the flexibility and willingness to experiment that will be needed if we are to build a truly sustainable ecosystem of broad online access to the world’s cultural works. But we cannot succeed in meeting these challenges by cutting legal corners and ignoring the rights of copyright holders. Rather, the technology and content industries should continue to work together to create consumer-friendly solutions that nurture rather than undermine the incentives for creativity so vital to sustaining our culture.

The writer is associate general counsel for intellectual property at Microsoft Corporation

terça-feira, outubro 31, 2006

COMUNICADO DOS JORNALISTAS DA GLOBO CONTRA ACUSAÇÕES DE MANIPULAÇÃO DO NOTICIÁRIO ELEITORAL

"Com revolta, perplexidade e pesar, nós, jornalistas da Rede Globo, nos vemos no dever de denunciar a insistente tentativa de atingir nossa honra e nossa correção profissional por alguns supostos colegas nestes dias que antecedem o encerramento das eleições 2006.

A despeito da descrição minuciosa já divulgada pela emissora do nosso esforço para apurar com precisão as primeiras informações sobre o acidente aéreo de 29 de setembro na Amazônia, o fato de não termos conseguido obter dados fundamentais para a publicação da notícia ainda naquela edição do Jornal Nacional, mas, sim, poucos minutos depois, acabou sendo utilizado para atacar nossa idoneidade com uma impostura covarde: a acusação caluniosa de que teríamos sonegado a informação sobre o acidente, no Jornal Nacional, com motivação política.

Em nome de nossa honra, queremos registrar publicamente o repúdio aos caluniadores – sejam eles movidos por paixões partidárias ou por outras razões que desconhecemos.

Tudo o que levamos ao conhecimento dos brasileiros sobre aquele acidente estava rigorosamente correto. Nenhuma informação por nós divulgada nos obrigou, depois, a desmentidos ou correções, como aconteceu com outros veículos, que divulgaram notícias incompletas ou mesmo inverídicas. Temos a convicção de que realizamos nosso trabalho com a correção e a responsabilidade que ele exige. Só havia dois caminhos a trilhar: publicar rumores não apurados, que levariam angústia a milhões de amigos e parentes de quem pudesse ter viajado naquele dia em qualquer avião da Gol, ou publicar a notícia com o grau de precisão exigido em tragédias daquela natureza. Este seria o caminho do jornalista responsável. E foi o que decidimos trilhar, poucos minutos depois do encerramento do Jornal nacional, em plantão, com informações oficiais da Agência Nacional de Aviação Civil e da empresa Gol.

Nosso esforço, em nossas carreiras profissionais, na Globo e em outras empresas por que já passamos, é o mesmo de todos os que amam o jornalismo responsável: divulgar, antes dos concorrentes, a notícia que apuramos. Foram angustiantes aqueles momentos em que tentávamos, de todas as maneiras, divulgar a notícia a contento antes do “Boa Noite” do JN. É um daqueles momentos dramáticos que só quem trabalha em redação vivencia. Um momento que nossos colegas do jornal O Estado de São Paulo também devem ter experimentado. Diante da dificuldade de apuração de um caso potencialmente trágico, em local geograficamente isolado, o primeiro clichê do Estadão no sábado, 30 de setembro, fechado às 21:h00, nem mencionava o acidente. Na Folha de S.Paulo, tudo o que foi possível apurar no mesmo horário, para o primeiro clichê, se resumiu a uma nota na primeira página, cujo conteúdo era próximo daquele que divulgamos, no mesmo horário, em nosso plantão. E nada mais. É o preço de se fazer um jornalismo responsável.

O que não toleramos é que, no caso dos profissionais da Rede Globo, a nossa postura correta de cautela e busca da precisão seja transformada numa mentira covarde e desonesta de um certo grupo de detratores. Estes, sim, traidores de um compromisso ético do jornalismo – porque nos acusam sem o menor pudor, sem conhecimento nenhum de nossos procedimentos.

Em nome de nossa honra, nós, jornalistas da Rede Globo, registramos publicamente nosso repúdio às calúnias que têm sido feitas contra nosso trabalho na cobertura das eleições 2006. Somos jornalistas compromissados com a nossa profissão. Confiamos cada um no trabalho do colega ao lado. Jamais tomaríamos parte de complôs de natureza partidária, ou de qualquer outra, que, na verdade, têm vida apenas na cabeça daqueles que, dominados pela paixão política, não se envergonham de caluniar profissionais honestos.

Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Belém e Manaus, 27 de outubro de 2006"

quarta-feira, setembro 13, 2006

TURISMO: MARROCOS

Transcrevo aqui uma reportagem que escrevi para o caderno de turismo do Jornal A Gazeta .

Sergio Denicoli

Visitar o Marrocos é mergulhar em um mundo de cores, cheiros, sabores e mistérios milenares. Por ser o país africano mais próximo da Europa – separado da Espanha pelo Estreito de Gibraltar – sempre foi uma porta de entrada do Ocidente para o Oriente e testemunhou grandes momentos da história do mundo. Suas paisagens revelam traços de lutas e conquistas. Enfim, é impossível falar do país sem ressaltar seu passado.

A região já pertenceu aos fenícios, ao Império Romano e ao Império Bizantino e depois foi dominada pelos árabes, que introduziram a religião muçulmana. Na época das grandes navegações foi invadida por espanhóis e portugueses e, no século XX, foi dominada pelos franceses. O país tornou-se independente apenas em 1956, quando foi instaurado um regime monárquico. Hoje é administrado pelo Rei Mohammed VI, que tem sua foto espalhada em todo canto, no comércio, em prédios públicos ou residências, o que torna sua imagem um verdadeiro cartão-postal.

Apesar de o Marrocos ter sido dominado por muitas etnias, os povos considerados nativos são os berberes que ainda preservam laços tribais e têm uma língua própria. Mas a maioria também fala francês e árabe - idiomas ensinados nas escolas.

Por conta das constantes invasões, os berberes se refugiaram nas montanhas e, hoje, vivem camuflados em casas que se misturam às paisagens áridas do país. Algumas dessas residências, conhecidas como kasbahs, espécies de fortificações feitas de argila misturada com água e palha, podem ser visitadas – a atividade é uma fonte de renda a mais para muitas famílias.

Também é dos berberes a tradição de pintar o corpo com hena, uma arte que fascina os visitantes. A crença diz que os desenhos afastam os espíritos do mal. Em dias de festa as mulheres pintam as mãos e os pés.

Outra tradição entre esses povos é a confecção dos tapetes. As peças são feitas manualmente pelas mulheres e depois comercializadas pelos homens. Conhecidos em todo mundo, os tapetes marroquinos são tingidos com pigmentos encontrados na natureza. As estampas representam o cotidiano da população.

Muitas famílias se unem em cooperativas e algumas dessas associações chegam a empregar três mil mulheres. Os tapetes estão à venda por toda parte. Entre os berberes, tanto as mulheres quanto os homens têm suas funções definidas e todos trabalham.

Pechinchar é necessário

As principais cidades do Marrocos são Rebez, Casablanca, Tânger, Fêz e Marrakech. Cada uma tem uma cor específica e nenhum prédio pode ser pintado em outra tonalidade. Casablanca, por exemplo, é toda branca. Já Marrakech é ocre.

As cidades são divididas em duas: as medinas – a parte antiga localizada dentro de uma área murada e protegida, que mantém ruas estreitas e sinuosas – e a parte nova, que foi construída além dos muros.

Dentro das medinas estão os famosos mercados, chamados souks. É onde se encontra todo tipo de produtos, como ervas medicinais, confecções e ouro. Nada tem um preço fixo. A regra é pechinchar. A pessoa dá o preço que acha justo e negocia com o comerciante. Uma boa dica é dar um valor mais baixo do que você pagaria, para assim poder chegar a um bom acordo.

Um dos maiores souks do país fica nos arredores da Praça Jemaa el-Fna, em Marrakech. Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, no século XIX a praça era o local onde bandidos eram decapitados e tinham as cabeças penduradas para servir de exemplo. Hoje abriga uma grande feira, onde se encontram encantadores de serpentes, artistas, barracas que vendem comidas típicas e onde o turista entra em êxtase com cheiros e temperos carregados de especiarias.

Vale a pena ficar algumas horas sentado em uma das barracas observando as mulheres vestidas com suas burkas e apenas os olhos à mostra, os homens com seus chapéus típicos, as ruas confusas, onde circulam carros, charretes, cavalos, bicicletas e pessoas. Aproveite para tomar um suco de laranja feito na hora que é uma tradição na praça. A venda de bebidas alcóolicas é proibida.

Além de toda história que as cidades marroquinas carregam, o país é dotado de uma geografia que apresenta paisagens que vão do deserto a montanhas cobertas de gelo, com estações de esqui. Esse aparente paradoxo acontece por conta da Cordilheira Atlas, com picos de mais de 4 mil metros.

Nesta altura do ano as estações de esqui estão fechadas devido ao verão, mas é a uma ótima época para fazer um dos passeios mais interessantes para quem visita o Marrocos: uma excursão até o deserto. Para isso basta procurar nos pontos turísticos alguma das diversas agências locais que fornecem o passeio.

Saindo de Marrakech a viagem é longa e dura três dias. Custa aproximadamente US$ 50 por pessoa, com direito a uma noite em um hotel nas montanhas e outra no deserto, além do café da manhã. Guias levam os turistas em vãs pelas estradas entre as montanhas até chegar ao deserto.

No caminho a paisagem é árida mas deslumbra pela magnitude. Imensas cadeias de pedras, picos de terra vermelha e oásis surpreendentes onde o verde brota em meio ao nada. Eles são utilizados coletivamente para a agricultura, por serem os únicos locais onde há água no ambiente desértico.

Chegando ao deserto o meio de transporte passa a ser os camelos e os guias nos conduzem quase uma hora entre as gigantescas dunas. Nos locais de paragem existem tendas. Os guias servem um jantar a luz de velas e promovem um entrosamento entre os membros da excursão, que geralmente são de diversas nacionalidades. Os grupos em geral são de aproximadamente 10 pessoas.

Após o jantar é hora de desfrutar de uma paz que leva a experiências quase esotéricas. Só é possível ouvir o barulho do vento e o céu parece conter todas as estrelas possíveis. A cada instante vê-se uma estrela cadente. É um bom momento para um viagem interior, para colocar os pensamentos em ordem e se deixar levar por uma energia muito forte.

Nos primeiros raios da manhã o guia nos chama para voltar e seguimos o caminho agraciados por um nascer do sol esplendoroso, que nos deixa com vontade de querer voltar sempre. É mágico o Marrocos.

Cenário de Casablanca

O Marrocos foi o cenário de um dos maiores sucessos do cinema: o clássico Casablanca. O filme, totalmente rodado nos estúdios de Hollywood, tem como pano de fundo uma etapa da história do país durante a II Guerra Mundial, quando foi um importante ponto de fuga. Quem queria deixar os países envolvidos no conflito partia clandestinamente para o Marrocos e depois se deslocava até Portugal, que estava fora da guerra. Atualmente, é ainda uma importante locação hollywoodiana. Entre os filmes já rodados lá estão "Alexandre – o Grande", "Guerra nas Estrelas", "Reino dos Céus", "O Gladiador" e "Indiana Jones".

Quando ir
No litoral, o tempo permanece bom praticamente o ano todo. Ao Norte, as temperaturas caem e o clima é mais úmido. Nas terras baixas, os meses mais frescos vão de outubro a abril, quando as temperaturas oscilam entre 30ºC (durante o dia) e 15ºC (à noite). No inverno, as regiões mais altas são bem frias e nas montanhas é possível praticar ski de dezembro a março. Para praticar trekking, os melhores meses são entre junho e setembro.

Como chegar
O país possui aeroportos internacionais em Casablanca, Tanger e Agadir.

Transporte
Para quem tem pouco tempo, os vôos locais entre as cidades são a melhor opção, mas prepare o bolso. Outra dica são os trens (o sistema ferroviário do país é um dos melhores da África e liga as principais cidades). Os ônibus também são uma boa opção, assim como alugar um carro (os postos de gasolina são fáceis de encontrar, mas as estradas estão infestadas de policiais e pedágios).

Informações
População – 31 milhões de habitantes
Religião oficial – islamismo
Moeda – dirham (US$ valem 8,6 dirham)
Língua oficial – árabe
Capital – Rabat (658 mil habitantes)
Documentos – passaporte com validade mínima de 6 meses

Anote
Portal do país (em espanhol, inglês, francês e árabe) – www.maroc.ma
Agência em Marrakech que oferece excursão para o deserto – www.saharaexpe.ma

Costumes
No Marrocos, a entrada nas mesquitas e nos lugares sagrados está proibida aos não muçulmanos.

Quando convidado a partilhar da refeição familiar, deve-se lavar simbolicamente as mãos, usando o gomil. A refeição, normalmente um prato típico do país, começará depois do dono da casa ter pronunciado o "bismillah", um louvor a Deus.

Evite roupas curtas ou decotadas (especialmente as mulheres).

Coma sempre com a mão direita.

Aceite sempre o chá de hortelã, é um gesto de hospitalidade.

No período do Ramadan, evite beber, comer e fumar em público durante o dia.

Sempre peça autorização quando quiser fotografar uma pessoa.

O que comprar
Rabat – bordados e tapetes.

Casablanca – artigos de couro e tapetes de Mediouna.

Fez – é a capital do artesanato, conhecida pelos famosos barros azuis, pratos de cobre e pelo trabalho do couro.

Marrakesh – o trabalho do couro, principalmente os sapatos tipo "babuchas", feitos artesanalmente. A região também é famosa pela especiarias e pela qualidade dos tapetes berberes.

Essaouira – jóias, e cestos.

Não deixe de visitar
Rabat – a atração mais famosa da cidade é a Tour Hassan (Torre de Hassan); o Mausoléu de Mohammed V (o pai do atual rei do país); a Kasbah dos Oudaias, um forte com vista panorâmica do Atlântico (abriga um palácio que hoje é um museu de arte tradicional marroquina).

Casablanca – é a maior cidade e centro industrial do Marrocos. A Medina, ou bairro antigo, e a Mesquita de Hassan II, uma das maiores do mundo, merecem uma visita mais longa. Na Place Mohammed V, encontram-se os mais belos exemplos da arquitetura mourisca no país.

Marrakesh – fundada no século XI, a cidade fascina pelo contraste de suas cores (o vermelho das casas, o verde das palmeiras, e o branco das montanhas do Alto Atlas). O seu coração é a Place Djemaa el-Fna, com barracas de comida e malabaristas, contadores de histórias, encantadores de serpentes, mágicos e acrobatas. Entre as atrações do bairro antigo, destaque para o anexo da mesquita de Koubba Ba'adiyn; a magnífica mesquita de Koutoubia; e o Palais Dar Si Said (museu de arte marroquina).

Fez – é a mais antiga das cidades imperiais. A medina de Fez el-Bali (a Antiga Fez) é uma das melhores atrações do Marrocos. Na cidade velha, encontra-se a Medersa Bou Inania, universidade de Teologia construída em 1350, a mais antiga do mundo árabe-islâmico. Próximo fica o souk de hena, mercado especializado na tinta extraída da planta que as mulheres usam para colorir o cabelo e tatuar as mãos e os pés. A poucos metros da cidade murada fica Fez el-Jdid, que abriga a comunidade judaica.

Tangier – no centro da cidade, o Petit Socco (pequeno souk) é uma das principais atrações. A kasbah é outro local que atrai visitantes e abriga o museu Dar el-Makhzen, antigo palácio do sultão, do século XVII.

domingo, julho 23, 2006

LIBANO - VAMOS RESISTIR

Ronald Mansur

Protestar é a primeira ação que tenho a fazer neste momento em que o povo do Líbano é massacrado pela máquina de guerra do Estado de Israel, leia-se Estados Unidos. A fundamentação religiosa que querem dar ao conflito é pura fantasia. O interesse é econômico, ligado ao petróleo e ao comércio internacional, pouco tem relação com a questão religiosa.

Convido os descendentes de libaneses a se manifestarem, porque é o nosso sangue que está sendo derramado. Os nossos antepassados têm pouco mais de 100 anos que chegaram ao Brasil, vieram em busca de paz e futuro. Vieram empurrados pela cavalaria do Império Turco Otomano. Hoje são os tanques e os aviões de Israel/Estados Unidos, que jogam toneladas de fogo da morte. Objetivo é eliminar os libaneses e atrair os demais árabes para uma armadilha macabra.

Ao colocar na minha varanda a bandeira do Líbano e a faixa LIBANO. VAMOS RESISTIR, é porque a História registra outras tentativas de destruir o povo libanês. Não acredito em destino, mas o povo libanês parece ter a sina de ter de reconstruir sempre. A tolerância é a nossa arma, porque não somos únicos, somos plurais. O povo que habita o Líbano tem alguns milhares de anos.

A prepotência, a arrogância e o orgulho cego de quem hoje nos joga bombas, parece ter esquecido a segunda Guerra Mundial, ou, foi o melhor e mais aplicado aluno do demônio do nazismo.

Somos milhões no Brasil.Somos milhares no Espirito Santo.Temos de ajudar a salvar o Líbano, mas o primeiro passo neste sentido é termos a História de nossa familia e de nossa comunidade salvas e conhecidas.

Me alegro em ser descendente de Francisco Maronilo Mansur, que em 1883 deixou sua familia e sua comunidade, Zgharta, no norte do Líbano e veio para o Brasil, como milhares de brimos e brimas, morreu em Muniz Freire em 12 de dezembro de 1931.

Sem ser fatalista, já tenho programada uma nova faixa, que espero colocar na minha varanda o mais rápido possível. Já, inclusive, separei alguns reais para mandar confeccioná-la, com os dizeres: LIBANO. VAMOS RECONSTRUIR.

quarta-feira, março 22, 2006

JORNALISTA NÃO BOTA GRAMPO EM NINGUÉM

Suzana Tatagiba, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo

Há dois meses o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo e Federação Nacional dos Jornalistas - ( FENAJ) denunciaram escutas telefônicas ilegais na Rede Gazeta feitas através do sistema Guardião, que pertence à secretaria de Segurança Pública do Estado. Após esses 60 dias nada, ou praticamente nada, de novo foi descoberto pelo inquérito da Polícia Civil. A conclusão do inquérito é de que a culpa é mesmo do pobre do mordomo. Ou seja, quem levou policiais, Ministério Público e o Poder Judiciário ao erro foi a empresa de telefonia móvel Vivo. Um funcionário da empresa, descuidado, diga-se de passagem, trocou os números e olhe só!: induziu todo mundo a um erro que se repetiu por três vezes. Por três vezes o sistema Guardião “grampeou” um número de telefone ligado à central telefônica da Rede Gazeta, essa escuta permitia acesso a todos os ramais da rede telefônica da empresa. Durante estes três períodos de “erro” as conversas de 200 jornalistas foram ouvidas e gravadas pelo sistema Guardião. E aí?

Aí, é que além do mordomo também devem pagar o pato os jornalistas. Através de um projeto do Executivo começam os debates em torno da aprovação de uma lei que proíbe o monitoramento de conversas entre os jornalistas e suas fontes. Mas isso já é proibido! A Constituição Federal, no capítulo Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, artigo 5º, inciso XIV, diz o seguinte: é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte quando necessário ao exercício profissional. E o sigilo da fonte é o nosso compromisso de trabalho com a sociedade. E esse compromisso foi ilegalmente rompido, aviltado e ignorado pelos Poderes Capixabas. O inquérito da Polícia Civil só deixou perguntas sem respostas, quem grampeou? por que grampeou? e para que grampeou?

O projeto do Governo Lula, que já está sendo formatado na Casa Civil e vai para o Congresso Nacional também prevê multas e prisão para jornalistas que publicarem trechos de conversas obtidas através de escutas telefônicas, mesmo as autorizadas pela justiça e também para quem gravar conversas com os entrevistados sem o conhecimento do interlocutor, mas, como diz o professor Carlos Manoel Chaparro, em artigo publicado no Portal Comunique-se. “não precisamos de novas leis para proteger a inviolabilidade das comunicações telefônicas. Há leis suficientes para processar, julgar e condenar não só os jornalistas que violam segredos de justiça ou que atacam a honra alheia com a transcrição de gravações clandestinas, mas também os delegados, promotores e juízes que, levianamente, ou por interesses não revelados, espalham ao vento, pela imprensa, as conversas gravadas, jogando no lixo o segredo de justiça pelo qual deveriam zelar”.

É importante debater e sempre lembrar que os jornalistas não estão acima da lei, portanto todos devem trabalhar com responsabilidade ética e social, mas também devemos sempre deixar claro que os jornalistas não colocam grampo em ninguém. E voltando ao professor Chaparro, “e se há crime na divulgação jornalística de gravações ( é há), ele tem um percurso que se inicia bem antes das cópias chegarem às redações”.

sábado, fevereiro 11, 2006

DE FORA PARA DENTRO: REUNIÃO DE PAUTA DO JORNAL NACIONAL

Sérgio Denicoli (*)

(Texto publicado no Observatório da Imprensa)

Sexta-feira, dia 9 de dezembro, 14h30. Está começando mais uma reunião de pauta do Jornal Nacional. Ao redor da mesa, numa sala envidraçada no meio da redação, os editores do telejornal discutem com atenção os acontecimentos do dia, tendo à cabeceira o editor-chefe William Bonner.

Eu havia chegado de Portugal e visitava a Globo como pesquisador da Universidade do Minho. Estava ali para fazer entrevistas com os profissionais da emissora, com o intuito de dar andamento a uma pesquisa acadêmica.

Antes de a reunião começar, Bonner havia sido consultado sobre minha participação, e não se opôs. Seria eu o primeiro jornalista não pertencente à equipe a acompanhar as discussões sobre a pauta do JN após a revista CartaCapital ter publicado a polêmica matéria criticando Bonner (veja aqui) e afirmando, em tom pejorativo, que ele comparava os telespectadores ao Homer Simpson – o preguiçoso e limitado personagem do desenho animado Os Simpsons. A matéria da revista surgiu após um grupo de professores de comunicação ter acompanhado justamente a importante reunião.

Bem-humorado, o editor-chefe rege a orquestra de jornalistas com maestria. Democrático, permite a todos opinarem para em seguida tomar as decisões inerentes ao seu cargo, em consenso com sua equipe.

Um dos factuais do dia era a divulgação de uma pesquisa do Ministério da Saúde sobre a vida sexual do jovem brasileiro. Bonner lembra que as crianças também assistem ao JN e não quer causar constrangimentos com um assunto delicado. Decide-se então fazer apenas uma nota sobre o tema, sem a utilização de imagens.

O editor-chefe esclarece ao "estranho" presente na sala que não é conservador, e deixa clara a sua a preocupação com o que chega aos telespectadores. Ele está visivelmente chateado com as críticas que saíram na imprensa e não quer que suas palavras sejam mais uma vez mal interpretadas.

Diz que criou uma pasta em seu computador com o nome Homer. É onde guarda tudo que recebeu via e-mail sobre o assunto. Lembra da solidariedade por parte dos diretores da Globo e demonstra estar confortado com a confiança de quem sabe que o que é feito ali tem como foco principal o público.

Requisitos essenciais

Perto do término da reunião chega a informação que o presidente Lula havia classificado a oposição brasileira de golpista, numa comparação aos opositores de Hugo Chávez, na Venezuela. A notícia havia sido levantada a partir de uma entrevista de Lula à revista CartaCapital. Bonner considera aquela declaração seriíssima e pede um VT sobre o assunto. Lembra aos editores que citem a CartaCapital e dá uma aula de como se faz jornalismo sem misturar questões pessoais com profissionais. É um tapa de luva em seus críticos.

Encerrada a reunião, ainda na sala, um dos jornalistas sugere um "bolão" para apostas em torno dos nomes das seleções que o Brasil irá enfrentar na primeira fase da Copa do Mundo.
No Jornal Nacional o ambiente é como em qualquer outra redação onde se trabalha muito, com seriedade, e onde a descontração e as brincadeiras entre os colegas são requisitos essenciais para que todos produzam com qualidade. Homer, Dona Maria e o Seu Doutor agradecem.

(*) Jornalista e pesquisador de mídias da Universidade do Minho, em Braga (Portugal)

JORNALISMO DIGITAL A INTERNET E O DECLÍNIO DOS JORNAIS

Daniela Bertocchi e Sergio Denicoli, de Braga (Portugal) (*)

(Texto publicado no Observatório da Imprensa)

"Ainda não é o momento de obter lucro com jornalismo na internet, é hora de investir." A frase, dita pelo jornalista e professor da Universidade do Texas Rosental Calmon Alves, ecoou forte no auditório da Universidade do Minho, em Braga, Portugal, durante as Jornadas dos Dez Anos de Jornalismo Digital em Portugal.

Experiente homem de imprensa, Rosental profetiza o fim do jornal de papel tal como o conhecemos. E provoca: "O futuro é a internet. Não podemos ter medo de canibalizar o jornal. Ele vai afundar. É o que chamo de mediacídio: a morte lenta da mídia tradicional. E não estou preocupado com o fim do jornal. Preocupo-me com o futuro do jornalismo".

Rosental faz questão de ressaltar que o desastre provocado pela especulação em torno das ações das empresas pontocom, que desestimulou investimentos na rede, já virou passado e quem continuar no caminho de não investir na web sairá do mercado.

Para ele, as empresas devem entender que o jornal precisa fazer a transição do modelo de produto para o de serviço. "Um produto é algo estático, é uma coisa concreta que você pega e leva para casa, já um serviço é uma coisa dinâmica, que serve ao leitor, no telefone celular, no computador, onde seja que a pessoa quer ter a notícia."

Diretor da Cátedra Knight em Jornalismo, da Universidade do Texas, em Austin (EUA), Rosental também acredita que a mídia precisa aprender a dialogar. "O jornal perdeu o poder de mediação e agora tem que se sujeitar ao julgamento dos milhões de pessoas que estão conectadas e podem ter voz ativa por meio de redes de comunicação", afirma.

O jornalista diz que "hoje os usuários vêem, ouvem e lêem o que querem". O fato de as pessoas poderem escolher onde consumir informação é um enorme desafio e um grande problema para as empresas produtoras de notícias. Elas concorrem com sites que oferecem inúmeras opções, não necessariamente jornalísticas. O grande questionamento que ele deixa é como evitar que a verba publicitária seja desviada para sites que podem ter qualquer tipo de conteúdo. A dúvida ficou no ar, sem resposta.

O balanço dos 10 anos

Jornalistas do mercado, estudantes e acadêmicos portugueses, brasileiros e espanhóis reuniram-se para o balanço do decênio do jornalismo de internet durante as Jornadas dos Dez Anos de Jornalismo Digital em Portugal, promovidas pelos pesquisadores do Mediascópio e do Ciberlab, projetos do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (Cecs) da Universidade do Minho, em Braga, Portugal.

O evento trouxe para o centro do debate dois expoentes do campo do jornalismo de internet. Para uma perspectiva americana, contou com Rosental Calmon Alves, jornalista brasileiro que desde 1996 leciona Jornalismo Online na Universidade do Texas. E para dar conta do panorama europeu buscou o nome de Ramón Salaverría, professor e diretor do Laboratório de Comunicação Multimídia (MMLab) da Universidade de Navarra, em Pamplona, Espanha. [Ver próximo texto].

O cenário do ciberjornalismo português foi debatido por nomes como os de Hélder Bastos (um dos primeiros jornalistas online de Portugal), António Granado (referência no ciberjornalismo lusitano), José Victor Malheiros (diretor do Público.pt, importante jornal digital do país) e Mário Carvalho, do Expresso Online, que aproveitou e anunciou o lançamento do serviço noticioso "Expresso África" e de um futuro sistema de blogs para os leitores.

Frustrações e novas expectativas

Para boa parte desta malta, talvez uma das maiores frustrações destes 10 anos de jornalismo digital tenha acontecido no âmbito editorial. Muitos dos debatedores concordaram em que pouco se avançou em termos de linguagem ciberjornalística, apesar de insistentes falatórios em torno das potencialidades hipertextuais, interativas e multimidiáticas do meio.

Rosental Calmon Alves chegou a afirmar que o jornalismo digital continua insosso. "Vergonhosamente o que mais vimos foi o shovelware, a simples transposição do conteúdo do papel para o meio online. O jornalismo digital continua preguiçoso e nada criativo. Neste aspecto, os leitores é que estão dando um banho nos jornalistas."

E o que de fato se cumpriu nestes 10 anos? Em uma palavra: personalização. "Os usuários têm incontestavelmente hoje a informação que desejam e da forma e na hora em que desejam", afirmou Ramón Salaverría.

O que ninguém ali no auditório da Universidade do Minho contava em 1995 era com o surgimento dos blogs, wikis e RSS (Really Simple Syndication) da vida que, curiosamente, ao lado do tão alardeado jornalismo participativo, do namoro da internet com a TV e da busca por novos e alternativos modelos de negócio para o setor, foram apontados como elementos indissociáveis do futuro do ciberjornalismo.

Ramón Salaverría arriscou prospecções para este momento: "Daqui para a frente o jornalismo digital será marcado pelo jornalismo participativo, em que surge a figura do cão-de-guarda do cão-de-guarda. O mercado de mídia em geral estará totalmente condicionado pela rede. Tanto em questões de publicidade como de marketing. E acredito que, se de 1995 até 2005 tivemos a web muito próxima da imprensa, muito textual, então, entre 2005 e 2015, veremos a aproximação da web com a TV, em que tudo será muito mais visual".

Para o futuro do jornalismo online em Portugal, o professor Hélder Bastos elaborou uma previsão mais cautelosa: "O cenário do ciberjornalismo [em Portugal] deverá sofrer poucas alterações nos próximos anos". Ele explicou que a realidade portuguesa, à semelhança do que aconteceu no panorama geral, passou pelas fases de nascimento, expansão, retração e estagnação e que agora deverá, com medo de retrair novamente, "observar os próximos acontecimentos globais antes de investir no setor".

(*) Jornalista e pesquisadora de mídias digitais na Universidade do Minho, Portugal (blog Intermezzo); jornalista e pesquisador de mídia internacional na Universidade do Minho, Portugal

COMUNICAÇÃO E LUSOFONIA - AS DIFERENÇAS E OS PONTOS EM COMUM

Sergio Denicoli, de Braga (Portugal) (*)

(Texto publicado no Observatório da Imprensa)

A notícia do diário português Correio da Manhã, às vésperas da classificação da seleção de Angola para a Copa do Mundo, anunciava: "Três vezes Portugal no Mundial da Alemanha". Referia-se à possibilidade de haver, pela primeira vez na história do mundial de futebol, três países de língua portuguesa na competição.

Os angolanos conseguiram a vaga, junto com o Brasil e Portugal. Já a imprensa portuguesa deu mostras de como é construída nos jornais do país a imagem da lusofonia – o universo de nações que têm a língua portuguesa como idioma oficial.

Para debater as diferenças e pontos em comum do espaço lusófono, a Universidade do Minho realizou em 7 de outubro, em Braga, o I Congresso Internacional sobre Comunicação e Lusofonia. O evento foi organizado pelo "Projeto Lusocom: estudo das políticas de comunicação e discursos no espaço lusófono", coordenado pela jornalista e professora Helena Sousa.

Os trabalhos foram abertos pela polêmica apresentação da pesquisadora portuguesa Maria Manuela Batista. Para ela, uma notícia como a do Correio da Manhã seria fruto de uma visão estereotipada por parte da mídia de Portugal que, segundo afirmou, posiciona o país como o centro da lusofonia e como potencial influenciador de suas ex-colônias, retratando os demais países lusófonos como um "jardim colonial" – uma extensão emocional de um passado de conquistas. Seria herança de um pensamento muito estimulado na era do ditador Antonio de Oliveira Salazar (1889-1970).

Moisés Martins, diretor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, destacou em sua apresentação que a lusofonia não se prende a estereótipos e pode ajudar na formação de uma comunidade transnacional, com propósitos político-culturais.

União nacional

É certo afirmar que ainda há um sentimento forte em Portugal em relação ao seu passado histórico, mas é exagero dizer que há uma mídia com visão ainda imperialista. Os portugueses se orgulham das conquistas que tiveram no mundo e do fato de terem levado a língua de sua pátria a vários continentes. Isso tem uma certa influência nos jornais, mas são simbologias mais voltadas para o sentimento de nação de passado glorioso do que uma tentativa de subordinar as ex-colônias. Mesmo porque Portugal é muito aberto às inovações linguísticas por que tem passado a língua portuguesa no mundo.

As telenovelas brasileiras são um exemplo da aceitação da influência vinda de um país que já pertenceu aos portugueses. Desde a década de 1970 elas são exibidas em terras lusitanas sem dublagem ou legendas, e agregam novos vocábulos ao cotidiano de Portugal.

É o contrário do que acontece no Brasil, segundo disseram representantes brasileiros no Congresso. Para eles, a imprensa no país não está atenta à existência de um mundo lusófono, tendo desenvolvido uma linguagem com características próprias e independentes.

Já nos países africanos onde a língua portuguesa é oficial – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe – o português ainda enfrenta obstáculos para se firmar como língua de união nacional. Nesses locais predominam as línguas nativas que coexistem e reforçam valores tribais. O mesmo ocorre no asiático Timor Leste.

Papel primordial

Em Angola, por exemplo, existem 49 dialetos e 19 línguas. As rádios, que compõem a maior força midiática do país, fazem as transmissões em línguas nativas. Em Moçambique, o português é a língua materna de apenas 10% da população – ou outros 90% dos habitantes têm um dos 23 idiomas nativos como língua principal. Em Timor, a escolha pelo português como língua oficial foi uma decisão política, pois era um idioma trazido por estrangeiros e não causaria conflitos como os que ocorreriam se a língua de alguma região local fosse adotada em detrimento de outras. O idioma mais falado pelos timorenses é o tétum.

Estimativas revelam que em todo mundo 200 milhões de pessoas falam português, a maioria brasileiros. Portanto o Brasil tem um papel primordial na construção de um espaço lusófono. Mas o que se percebe é um distanciamento do país do debate sobre a questão, que é praticamente ausente da mídia.

Em tempo: a Academia Brasileira de Letras editou um Vocabulário Ortográfico com novas palavras, que inclui adaptações de vários termos em inglês. É o novo português do backup, byte e do delete.

(*) Jornalista e pesquisador de mídias da Universidade do Minho, em Portugal